terça-feira, 21 de abril de 2009

ESCUTANDO VOCÊ

O poder da tua palavra é tão grande quanto tua capacidade de amar
Como um espelho da alma, tu reflete uma personalidade forte
Um poder natural que parti de ti em diversas direções
São momentos de parar para escutar

Como os pássaros que se comunicam de forma tão harmoniosa
As estrelas mantêm seu equilíbrio por meio da atração
A terra gira num movimento silencioso

Enquanto a tua voz se propaga pelo universo
Não apenas na forma de som como estamos acostumados a ouvir
Ela tem forma, tem cheiro, tem sabor, tem alma
Ela tem o poder de transformar a voz em algo mágico

São as tuas palavras que mobilizam a todos
É mais que um discurso ou uma transmissão de conhecimento
É uma sintonia entre vários sons que você orquestra

Todos têm qualidades e defeitos
Mas pra mim você é perfeito como os pássaros
Tão lindo quanto às estrelas no céu
E firme como a terra por onde ando.

NÓS ENTRE TODOS

Tu me perguntas e eu respondo que não sei o porquê de tanta insistência no olhar
Foi como se os movimentos fossem se desacelerando,
Um filme passando em câmera lenta na minha frente
Eu fiz a curva, e de longe meus sentidos alertaram a tua presença

Timidamente, mas ao mesmo tempo atraído, eu fui te olhando
Estava um pouco receoso da minha ousadia em encarar-te
Mas como um imã meus olhos fixaram-se nos teus e não pude resistir
Caminhei alguns passos e virei-me para ver-te

Continuavas olhando e eu continuava caminhando
Agora meio que perdi o ritmo e o rumo
Meus passos andavam meio em zigzag por entre as pessoas
Então resolvi parar, já a uma certa distancia de ti

Longe do teu campo de visão, imóvel e na expectativa eu permaneci
Foi quando te vi vindo quase que na minha direção
Caminhando, enquanto teus olhos seguiam os meus
O meu nervosismo me deixou imóvel contra o corrimão

Alguns minutos se passaram enquanto nós trocávamos olhares
Não tinha certeza de que realmente tu querias aproximar-te de mim
Então num impulso inseguro caminhei para outro lado
Buscando afastar-me de ti ou querendo que me seguisses

Permaneceste no mesmo lugar enquanto dei uma grande volta
Mas meu pensamento já era teu e meus olhos não queriam ver outra coisa
Dessa vez fui mais próximo e pude perceber teu interesse
Trocamos algumas vezes de lugar até que te cumprimentei

A partir daí poucas palavras foram ditas e os olhares foram reforçados
Não queria mais sair de perto de ti
Teu convite para dar uma volta foi aceito de imediato,
Tudo para ficar ao teu lado por mais um segundo
Talvez por mais tempo que a minha humilde pretensão tenha sonhado

A troca de toques foi sutil e sem ousadia,
Enquanto o calor do teu braço fazia ferver meu peito
E o esfregar despreocupado e até casual da tua perna na minha
Arrepiavam o meu corpo todo como se a proximidade fosse me tirar o controle

A vontade era de pular e beijar tua boca enquanto falavas pra mim
A vontade era de pegar teu corpo entre meus braços e te apertar
Tocar teu pescoço que me atraia como que a um vampiro sedento
Falar besteiras no teu ouvido pra te seduzir de excitação

O tempo estava terminando para nós naquele encontro
Cada um tinha que seguir seu rumo em direções opostas
Talvez tenha se passado um segundo depois que nossos olhos se cruzaram
Talvez o tempo nem tenha passado entre nós.

MOVIMENTO PERMANENTE

São centenas de pessoas caminhando em diferentes direções
Quase Todos seguindo seu caminho com certa determinação
Alguns vagam pelas ruas meio que sem rumo
Entre idas e voltas eu me perco em pensamentos

Penso no que os outros estão pensando quando passam por mim
Alguns deixam transparecer uma felicidade e satisfação
Outros parecem que estão caminhando para a morte
Mas todos permanecem caminhando

Enquanto que eu paro de repente entre todos
E fico num mesmo lugar ignorando o fluxo de pessoas ao meu redor
Percebo que as pessoas desviam para não bater em meu corpo
Como em fila de formigas todos se movimentam

O sentido continua o mesmo para cada um dos passantes
Entre olhares desconfiados, irritados ou admirados
Eu permaneço parado enfrentando os olhares
Procurando você que caminha entre todos

O VERDE DOS OLHOS DA MATA

A mata me olhava com seus olhos grandes e verdes
Olhando de baixo a altura das arvores parece que alcança o céu
No fundo dos seus olhos, a escuridão provoca calafrios pelo corpo
É uma mistura de silencio com uma melodia atraente e sedutora

Agora há uma distancia entre eu e os olhos profundos da mata
Como se uma barreira nos separasse do nosso destino
Um passo entre nós para eu me perder no seu verde infinito

As nuvens parecem estar impacientes rolando de um lado para o outro
Sinto o vento que move as folhas que estão mais próximas de mim
Aquele verde todo permanece inabalado em relação a tudo
Porém o olhar é revelador e confessa a vontade de me fazer adentrar

Daqui eu posso apreciar essa conspiração da natureza
Tenho a vantagem de poder observar e fazer parte sem pertencer
Mantenho a distancia entre eu e os olhos verdes
E sigo meu caminho contando os passos em direção a todas as cores.

OI AMOR

Eu nem tinha saído do teu lado na segunda-feira e já sentia a dor que a distância me Causaria.
Hoje percebo e sinto a intensidade como ela me tortura.
É uma dor seca, que toca lá no fundo do corpo, atingindo em cheio minha alma.

Por falar da alma, ela já não come, já não bebe, e agora deu de não conseguir mais respirar, tamanha a angústia que aperta meu peito, e sufoca com um nó minha garganta,
ela não consegue viver sem sua alma gêmea.

O afastamento do momento parece criar abismos por onde voam urubus,
prontos para atacar a carniça, hoje me sinto assim, meio alvo de uma avalanche de tristezas causadas pela distância do meu amor.

Apego-me no fato de amanha poder estar ao teu lado, quieto, em silêncio, abraçado. Sentindo teu cheiro, teu calor, tua alma perto da minha. Não deixa os urubus te atacarem, espere por mim que eu estou chegando para no meu peito colocar tua cabeça, limpar tua energia.

Deixa-me abastecer teu espírito de alegria, trocar segredos, caminhar, rir , chorar, debochar, ler, conversar, e tantos outras coisas, que só sei fazer contigo. Nunca esquece que existe algo maior em tudo que fazemos, em tudo que passamos em tudo que vivemos em tudo existe AMOR.
E eu te AMO.

VENTANDO PELO MEU CORPO

O vento às vezes me apavora, pela força, velocidade, pela falta de cara, de definição. O vento assola as coisas, derruba, varre, arranca. Forma tempestade, faz voar as coisas, desorganiza. O vento, às vezes, entra em nós, pelas narinas, circula em volta pelas veias, invade as artérias, desarruma o cérebro, confunde a mente e eu minto.

Minto para meus anseios, minhas dúvidas, minhas esperanças, meus sentimentos, minto pela força do vento que vem de longe e invade meu ser como sendo a sua casa, sua propriedade. Eu minto para mim mesmo. Eu não gosto do vento. Eu minto.

O vento que não gosto tem um gosto amargo, talvez cítrico, uma oleosidade que desliza pela língua, que envolve a boca como o tanino do vinho. O vento envolve com aromas, seduz pela necessidade aconchego que consegue gerar em nós. É como se quiséssemos buscar abrigo, refúgio, proteção. Faz-nos salivar.

A saliva provocada pelo vento que enche a boca provoca reações que não posso controlar, são flashes de momentos sem nexo que invadem a atmosfera que circula o corpo. Vem o medo, a rejeição, a insegurança. Mescla de sentimentos que podem ser barrados pela porta da realidade.

A porta que permanece muitas vezes aberta, para poder trazer ao meu corpo as sensações que me fazem sentir humano, presente, nu...

Essa nudez expõe minha alma para que eu possa enxergar sem véus, as formas obscuras e tortuosas que o caminho da vida traça a cada momento. Como uma parada, onde meu corpo gira em torno de si mesmo, olhos parados, fixos, atentos. Toda a emoção, sensação voltada para o interior, sem ligações com o externo. Como se o mundo ao redor não existisse. Um vácuo, uma ausência de tudo.

Na ausência eu encontro o sentido, talvez do próprio momento de libertar-se das amarras da vida e perceber o vácuo, o vazio. O sentido está na percepção, na capacidade de transpor essas barreiras mundanas e materiais e atingir o ponto certo de poder olhar para si mesmo, ou em outras situações, olhar ao redor apenas como observador.

Às vezes o observar é mais participante que os próprios executores da ação. Quando raramente paro para observar algo, percebo o quanto estou perdendo, o quanto de conteúdo as coisas nos trazem.

Vivo em busca de conteúdos que possam encher minha alma de alguma coisa que não sei ao certo. Uma vontade de querer sempre mais e ir além. Busco montado no vento uma forma de espalhar-me por tudo. De fazer parte do todo. Estar na essência das coisas, saber os porquês e suas respostas.

Por outro lado, o vento me leva daqui, me afasta, me faz rodar em rodopios loucos que confundem minha mente e meus sentimentos. Perco valores, referências, direção. Então eu caio. Caio num susto, como de um pesadelo que faz sonhar acordado eu caio. O chão torna-se duro novamente e a dor da queda pertence à alma.

A alma fortifica-se a cada tombo e eu consigo então esperar a próxima tempestade formar-se. Acho que gosto do vento.

TOLICES

Eu, como todo ser humano,
Tenho o dom de ser tolo,
Tolo nas idéias, no ato da ação ou reação.

Rodamos pela vida em círculos, hora nas idéias, hora nos atos,
Esculpimos nossos pensamentos, domínio, posse, argila.
Circundando o vazio e dando forma à atitude.

Atitude meio que inconseqüente de quem sabe tudo,
De quem tudo conhece tudo já pensou... Agiu.
Entre discursos ultrapassados e ditados infundados,
Giramos no eixo da vida.

As amarras invisíveis não apertam o corpo.
Sufocam a alma.
Chicoteiam as idéias e punem as mãos que tocam a argila.

Há coisas que mudam e outras que evoluem.
O tempo passa diferente para as pessoas.
Para umas ainda é cedo, enquanto que para outras.
O tempo já passou.

Dentro do tempo de cada um, existe uma luz.
Às vezes ela ascende, e em outras apaga.
Essa diferença é natural.
Assim como os valores também os são.

Valorizo muitas coisas,
Outras não me têm valor.

Mas mesmo que o tempo passe
Eu quero valorizar o que tenho,
Como o tempo...

Quando é tempo de criança, adolescente,
Buscamos nossa liberdade,
Quando a temos,
Necessitamos dividi-la.

Assim a roda do mundo gira,
Assim sinto a vontade, muitas vezes reprimida,
De deixar meu tempo interior funcionar livremente
Sem repressão, sem culpa.

Sem definições, sem discussões,
Quero apenas viver meus momentos,
Curtir meus sentimentos,
Participar da minha vida.

Eu divido tudo,
E quero sempre poder dividir,
Cada vez mais,
Ter a nossa vida.

Mas os giros que dou devem ser completos.
Se esqueço, se não faço ou se faço,
É porque sou tolo,
Sou humano, sigo minhas idéias,
Executo minhas ações.

Muitas isoladas,
Pois fazem parte da minha individualidade.
Outras,
Tantas outras que só sei fazer a 2.