terça-feira, 21 de abril de 2009

ESCUTANDO VOCÊ

O poder da tua palavra é tão grande quanto tua capacidade de amar
Como um espelho da alma, tu reflete uma personalidade forte
Um poder natural que parti de ti em diversas direções
São momentos de parar para escutar

Como os pássaros que se comunicam de forma tão harmoniosa
As estrelas mantêm seu equilíbrio por meio da atração
A terra gira num movimento silencioso

Enquanto a tua voz se propaga pelo universo
Não apenas na forma de som como estamos acostumados a ouvir
Ela tem forma, tem cheiro, tem sabor, tem alma
Ela tem o poder de transformar a voz em algo mágico

São as tuas palavras que mobilizam a todos
É mais que um discurso ou uma transmissão de conhecimento
É uma sintonia entre vários sons que você orquestra

Todos têm qualidades e defeitos
Mas pra mim você é perfeito como os pássaros
Tão lindo quanto às estrelas no céu
E firme como a terra por onde ando.

NÓS ENTRE TODOS

Tu me perguntas e eu respondo que não sei o porquê de tanta insistência no olhar
Foi como se os movimentos fossem se desacelerando,
Um filme passando em câmera lenta na minha frente
Eu fiz a curva, e de longe meus sentidos alertaram a tua presença

Timidamente, mas ao mesmo tempo atraído, eu fui te olhando
Estava um pouco receoso da minha ousadia em encarar-te
Mas como um imã meus olhos fixaram-se nos teus e não pude resistir
Caminhei alguns passos e virei-me para ver-te

Continuavas olhando e eu continuava caminhando
Agora meio que perdi o ritmo e o rumo
Meus passos andavam meio em zigzag por entre as pessoas
Então resolvi parar, já a uma certa distancia de ti

Longe do teu campo de visão, imóvel e na expectativa eu permaneci
Foi quando te vi vindo quase que na minha direção
Caminhando, enquanto teus olhos seguiam os meus
O meu nervosismo me deixou imóvel contra o corrimão

Alguns minutos se passaram enquanto nós trocávamos olhares
Não tinha certeza de que realmente tu querias aproximar-te de mim
Então num impulso inseguro caminhei para outro lado
Buscando afastar-me de ti ou querendo que me seguisses

Permaneceste no mesmo lugar enquanto dei uma grande volta
Mas meu pensamento já era teu e meus olhos não queriam ver outra coisa
Dessa vez fui mais próximo e pude perceber teu interesse
Trocamos algumas vezes de lugar até que te cumprimentei

A partir daí poucas palavras foram ditas e os olhares foram reforçados
Não queria mais sair de perto de ti
Teu convite para dar uma volta foi aceito de imediato,
Tudo para ficar ao teu lado por mais um segundo
Talvez por mais tempo que a minha humilde pretensão tenha sonhado

A troca de toques foi sutil e sem ousadia,
Enquanto o calor do teu braço fazia ferver meu peito
E o esfregar despreocupado e até casual da tua perna na minha
Arrepiavam o meu corpo todo como se a proximidade fosse me tirar o controle

A vontade era de pular e beijar tua boca enquanto falavas pra mim
A vontade era de pegar teu corpo entre meus braços e te apertar
Tocar teu pescoço que me atraia como que a um vampiro sedento
Falar besteiras no teu ouvido pra te seduzir de excitação

O tempo estava terminando para nós naquele encontro
Cada um tinha que seguir seu rumo em direções opostas
Talvez tenha se passado um segundo depois que nossos olhos se cruzaram
Talvez o tempo nem tenha passado entre nós.

MOVIMENTO PERMANENTE

São centenas de pessoas caminhando em diferentes direções
Quase Todos seguindo seu caminho com certa determinação
Alguns vagam pelas ruas meio que sem rumo
Entre idas e voltas eu me perco em pensamentos

Penso no que os outros estão pensando quando passam por mim
Alguns deixam transparecer uma felicidade e satisfação
Outros parecem que estão caminhando para a morte
Mas todos permanecem caminhando

Enquanto que eu paro de repente entre todos
E fico num mesmo lugar ignorando o fluxo de pessoas ao meu redor
Percebo que as pessoas desviam para não bater em meu corpo
Como em fila de formigas todos se movimentam

O sentido continua o mesmo para cada um dos passantes
Entre olhares desconfiados, irritados ou admirados
Eu permaneço parado enfrentando os olhares
Procurando você que caminha entre todos

O VERDE DOS OLHOS DA MATA

A mata me olhava com seus olhos grandes e verdes
Olhando de baixo a altura das arvores parece que alcança o céu
No fundo dos seus olhos, a escuridão provoca calafrios pelo corpo
É uma mistura de silencio com uma melodia atraente e sedutora

Agora há uma distancia entre eu e os olhos profundos da mata
Como se uma barreira nos separasse do nosso destino
Um passo entre nós para eu me perder no seu verde infinito

As nuvens parecem estar impacientes rolando de um lado para o outro
Sinto o vento que move as folhas que estão mais próximas de mim
Aquele verde todo permanece inabalado em relação a tudo
Porém o olhar é revelador e confessa a vontade de me fazer adentrar

Daqui eu posso apreciar essa conspiração da natureza
Tenho a vantagem de poder observar e fazer parte sem pertencer
Mantenho a distancia entre eu e os olhos verdes
E sigo meu caminho contando os passos em direção a todas as cores.

OI AMOR

Eu nem tinha saído do teu lado na segunda-feira e já sentia a dor que a distância me Causaria.
Hoje percebo e sinto a intensidade como ela me tortura.
É uma dor seca, que toca lá no fundo do corpo, atingindo em cheio minha alma.

Por falar da alma, ela já não come, já não bebe, e agora deu de não conseguir mais respirar, tamanha a angústia que aperta meu peito, e sufoca com um nó minha garganta,
ela não consegue viver sem sua alma gêmea.

O afastamento do momento parece criar abismos por onde voam urubus,
prontos para atacar a carniça, hoje me sinto assim, meio alvo de uma avalanche de tristezas causadas pela distância do meu amor.

Apego-me no fato de amanha poder estar ao teu lado, quieto, em silêncio, abraçado. Sentindo teu cheiro, teu calor, tua alma perto da minha. Não deixa os urubus te atacarem, espere por mim que eu estou chegando para no meu peito colocar tua cabeça, limpar tua energia.

Deixa-me abastecer teu espírito de alegria, trocar segredos, caminhar, rir , chorar, debochar, ler, conversar, e tantos outras coisas, que só sei fazer contigo. Nunca esquece que existe algo maior em tudo que fazemos, em tudo que passamos em tudo que vivemos em tudo existe AMOR.
E eu te AMO.

VENTANDO PELO MEU CORPO

O vento às vezes me apavora, pela força, velocidade, pela falta de cara, de definição. O vento assola as coisas, derruba, varre, arranca. Forma tempestade, faz voar as coisas, desorganiza. O vento, às vezes, entra em nós, pelas narinas, circula em volta pelas veias, invade as artérias, desarruma o cérebro, confunde a mente e eu minto.

Minto para meus anseios, minhas dúvidas, minhas esperanças, meus sentimentos, minto pela força do vento que vem de longe e invade meu ser como sendo a sua casa, sua propriedade. Eu minto para mim mesmo. Eu não gosto do vento. Eu minto.

O vento que não gosto tem um gosto amargo, talvez cítrico, uma oleosidade que desliza pela língua, que envolve a boca como o tanino do vinho. O vento envolve com aromas, seduz pela necessidade aconchego que consegue gerar em nós. É como se quiséssemos buscar abrigo, refúgio, proteção. Faz-nos salivar.

A saliva provocada pelo vento que enche a boca provoca reações que não posso controlar, são flashes de momentos sem nexo que invadem a atmosfera que circula o corpo. Vem o medo, a rejeição, a insegurança. Mescla de sentimentos que podem ser barrados pela porta da realidade.

A porta que permanece muitas vezes aberta, para poder trazer ao meu corpo as sensações que me fazem sentir humano, presente, nu...

Essa nudez expõe minha alma para que eu possa enxergar sem véus, as formas obscuras e tortuosas que o caminho da vida traça a cada momento. Como uma parada, onde meu corpo gira em torno de si mesmo, olhos parados, fixos, atentos. Toda a emoção, sensação voltada para o interior, sem ligações com o externo. Como se o mundo ao redor não existisse. Um vácuo, uma ausência de tudo.

Na ausência eu encontro o sentido, talvez do próprio momento de libertar-se das amarras da vida e perceber o vácuo, o vazio. O sentido está na percepção, na capacidade de transpor essas barreiras mundanas e materiais e atingir o ponto certo de poder olhar para si mesmo, ou em outras situações, olhar ao redor apenas como observador.

Às vezes o observar é mais participante que os próprios executores da ação. Quando raramente paro para observar algo, percebo o quanto estou perdendo, o quanto de conteúdo as coisas nos trazem.

Vivo em busca de conteúdos que possam encher minha alma de alguma coisa que não sei ao certo. Uma vontade de querer sempre mais e ir além. Busco montado no vento uma forma de espalhar-me por tudo. De fazer parte do todo. Estar na essência das coisas, saber os porquês e suas respostas.

Por outro lado, o vento me leva daqui, me afasta, me faz rodar em rodopios loucos que confundem minha mente e meus sentimentos. Perco valores, referências, direção. Então eu caio. Caio num susto, como de um pesadelo que faz sonhar acordado eu caio. O chão torna-se duro novamente e a dor da queda pertence à alma.

A alma fortifica-se a cada tombo e eu consigo então esperar a próxima tempestade formar-se. Acho que gosto do vento.

TOLICES

Eu, como todo ser humano,
Tenho o dom de ser tolo,
Tolo nas idéias, no ato da ação ou reação.

Rodamos pela vida em círculos, hora nas idéias, hora nos atos,
Esculpimos nossos pensamentos, domínio, posse, argila.
Circundando o vazio e dando forma à atitude.

Atitude meio que inconseqüente de quem sabe tudo,
De quem tudo conhece tudo já pensou... Agiu.
Entre discursos ultrapassados e ditados infundados,
Giramos no eixo da vida.

As amarras invisíveis não apertam o corpo.
Sufocam a alma.
Chicoteiam as idéias e punem as mãos que tocam a argila.

Há coisas que mudam e outras que evoluem.
O tempo passa diferente para as pessoas.
Para umas ainda é cedo, enquanto que para outras.
O tempo já passou.

Dentro do tempo de cada um, existe uma luz.
Às vezes ela ascende, e em outras apaga.
Essa diferença é natural.
Assim como os valores também os são.

Valorizo muitas coisas,
Outras não me têm valor.

Mas mesmo que o tempo passe
Eu quero valorizar o que tenho,
Como o tempo...

Quando é tempo de criança, adolescente,
Buscamos nossa liberdade,
Quando a temos,
Necessitamos dividi-la.

Assim a roda do mundo gira,
Assim sinto a vontade, muitas vezes reprimida,
De deixar meu tempo interior funcionar livremente
Sem repressão, sem culpa.

Sem definições, sem discussões,
Quero apenas viver meus momentos,
Curtir meus sentimentos,
Participar da minha vida.

Eu divido tudo,
E quero sempre poder dividir,
Cada vez mais,
Ter a nossa vida.

Mas os giros que dou devem ser completos.
Se esqueço, se não faço ou se faço,
É porque sou tolo,
Sou humano, sigo minhas idéias,
Executo minhas ações.

Muitas isoladas,
Pois fazem parte da minha individualidade.
Outras,
Tantas outras que só sei fazer a 2.

domingo, 29 de março de 2009

VOLTOU PRA MIM

Despertei hoje cedo
Confuso por não ter estado
Por sentir-me no vácuo
Que a tua ausência me faz

Durante meses você sumiu
Abandonou-me desarmado
E foi trilhar novos caminhos
Mas hoje eu despertei com você

Acordei sentindo no peito a chama
Da paixão que havia adormecido
Eu redescobri você

Abri os olhos e vi teus lábios
Se abrindo para o meu beijo
Confuso eu parei pra ter certeza
Que era você

Eu hoje vi
O brilho dos teus olhos
Que tanto me encantam

Eu hoje senti
O cheiro da tua pele nos lençóis
Enquanto tuas mãos tocavam meu corpo
O homem que amo voltou

Voltou no silencio da noite
No brilho da chuva que caia
Voltou pra mim
MAU

FAZENDO ARTE

Quando faço arte
Estendo minhas mãos
E toco as poções

Assim,
Sinto os aromas guardados por anos
E percebo na textura dos elementos
Todo o frescor dos ventos
Que por ali passaram

Misturar é uma arte
Na quantidade certa
Tempera a vida
Com sabores da infância

Quando faço arte
Por minhas mãos
Deslizam sentimentos
De amor, carinho, amizade, honestidade, sinceridade

Enfim,
Formam-se as cores e as formas
Que dão vida ao redor

Esse sou eu
Fazendo arte

O FIM

A expressão de susto no teu rosto te delata
O pânico que parece surgir é controlado e a voz arrancada da alma
Fere os ouvidos e acaba com toda expressão da contemplação

Não é por você que eu vivo, mas sem você não haverá pânico no olhar
As folhas irão parar de cair, suspensas no ar enquanto o fôlego se vai
A calmaria dos ventos, o silencio das palavras, a escuridão da alma
Todo o resto se esvaindo por entre as amarras do destino

Os amantes precisam se abastecer de paixão, dor e ciúme
Não há sentimento que sobreviva sem a faísca que inflama o coração

São partes de uma imensa atmosfera azul dentro de uma bola de cristal
O mergulho obstinado atrás de você por entre paredes atônitas
Atônitos os sentidos se anulam num vazio de acontecimentos rápidos
São flashes de um amor que morreu.

A morte que sepulta o sentimento de paixão, dor e ciúme
Também liberta da necessidade de amar e sofrer

VENTOS DO SUL

Hoje parei diante do vento olhando a imensidão do vazio que cerca nossa vida
Seja por correntes marinhas ou ventos do sul
Nossos sentimentos se embolam como um furacão repentino
Fazendo a cabeça girar enquanto a alma fica tonta

As imagens que se formam a nossa frente crucificam o ato humano
Juntam restos de um passado de crueldade e dor
Arrancam do fundo da alma os sentimentos mais impuros
Tornam a vida mais densa e pesada como o vento no deserto

Portanto na distancia que o vento percorre durante sua trajetória
Muitas coisas acontecem e as imagens acabam mudando suas formas
Como um castelo de areia que muda de lugar a cada instante
O sentimento em relação à imagem também muda conforme o vento

O nosso olhar deve estar atento as mudanças que acontecem
E principalmente as mudanças que provocamos ao nosso redor
As nossas interferências são como o sopro do vento na vida
E balançam os sentimentos conforme nossas intenções

Hoje parei diante do vento olhando a imensidão do vazio e sorri
Agradeci as correntes marinhas e os ventos do sul
Formei furacões de fé e espalhei sentimentos de amor e paz
A cabeça girou e eu parei pra contemplar a beleza do mundo.

ENTRE O VINHO E O AMOR

Abro meu coração como abro uma garrafa de vinho
As cores que representam são as mesmas
Diferentes tons de vermelho preenchendo o interior
Trazendo a vida até a borda

Quando abro meu coração
A vida brilha como nunca
O céu infinito está azul, mesmo quando chove
As pessoas estão mais bonitas

Quando abro uma garrafa de vinho
A vida continua a brilhar
O céu parece único, sem nada igual em beleza
As pessoas estão mais atraentes

Quando abro meu coração e uma garrafa de vinho juntos
A vida tem uma cor e um cheiro indescritíveis
O céu parece que canta vestido de azul
E a pessoa conosco é a mais linda e mais amada.

O TEMPO QUE PASSOU

O relógio controla o tempo
As tarefas se acumulam
A vida parece que vai passando
Uma reprise de acontecimentos todo dia

O tempo corre
E as pessoas deslizam pelas ruas
Seja para o trabalho ou para casa
O lazer ou apenas atrás do tempo

Penso que a jornada é longa
Me junto aos grupos que passam
Ando em desatino pra todo lado
O dia todo tentando vencer o tempo

No final estou cansado
Jogado em um canto qualquer
A mente sem pensar em nada
Esperando o tempo passar

A sensação é de desaceleração
Como se tudo fosse ficando em câmera lenta
Num passado que não volta
Numa ciranda que não tem fim.

FUNDINDO-SE

Talvez seja algo mágico
Abstrato mas não sem sentido
Uma fusão de cores
Toques e sabores

O veludo das vozes que deslizam pelos ouvidos
Aguça os sentidos da alma
Enquanto o corpo clama pelo toque

O toque às vezes suave como à seda
Outras vezes forte e firme como um nó
O toque arrepia os pelos do corpo
O gemido mostra a entrega total

Prazer
Êxtase
Amor
Paixão

Às vezes tudo se mistura no azul dos lençóis
Não se sabe mais para que lado está a cabeça
Por onde percorrem as mãos
O sentido não está mais presente

Deslizar pelo teu peito arranhando a pele
Molhar os lábios, beijar tua boca.
Cheirar teu sabor e tuas palavras

Algo mágico é poder dizer teu nome
Escutar meus sussurros na tua orelha macia
Dividir o ar numa única respiração
Fundir-se num só

Paixão
Amor
Êxtase
Prazer

UM DOIS TRES


Já vi que meu numero de sorte é mesmo o três.
Por mais de três vezes tive sorte com esse numero
Por mais de três vezes ele fez mudar minha vida
Um, dois, três.

São três amores vivendo juntos
A intimidade vai crescendo a cada descoberta
Três é ímpar e, portanto exige mais de cada um

São três cabeças pra pensar
Três opiniões para formar
São três desejos pra satisfazer
Três amores para dividir

Um amor cuida da sabedoria
Conta às histórias
Orienta nossos passos
É como o vento que nos impulsiona

Um amor cuida dos sabores
Prepara as comidas
Une os nossos corações
È como o fogo que aquece a alma

Um amor cuida dos sentimentos
Pensa pelos outros dois
Equilibra as energias
É como o chão que nos sustenta

São três corações unidos
Três companheiros em viagem
Uma única forma de amar
Um, dois, três

quinta-feira, 26 de março de 2009

DIFERENÇAS QUE SE SOMAM

Os caminhos são sempre tortuosos num primeiro momento
Quando mudamos o trajeto e caminhamos em outra direção
Diferente do planejado ou do esperado
Surpreendemos-nos com o novo e o diferente

Nossos desejos e necessidades nos impulsionam
E o inesperado acontece sutil e marcante

É uma quebra de paradigmas morais e sociais
Uma nova forma de viver, amar e compartilhar
Uma descoberta a cada momento
Um exercício para a alma

Aprender a dividir tudo sem restrições
Deixar de lado o ciúme e a posse que corroem a alma
Buscar o equilíbrio harmonioso para o crescimento
São três corações querendo estar juntas.

terça-feira, 24 de março de 2009

...Para o meu Sol e a minha Lua



Entre mitos e lendas
Eu embarquei em uma viagem
Com destino ao saber
Percebi logo que o trajeto é muito longo, escuro e sinuoso.
Por vezes o corpo pesa, dói.
As dificuldades surgem como monstros marinhos
Com ou sem cabeça
Atacando pela frente ou por trás
Elas sempre surgem

E para confundir o viajante
Os caminhos se cruzam
Entre as teorias e as práticas

Então me encontro caminhando nas trilhas dos livros
Navegando por páginas da Internet
Sorvendo o sabor das letras
Escutando a música das palavras
Cheirando o conhecimento

Embarquei nesta viagem
Porque alguém acreditou que eu iria ascender
E eu correspondi com fogo
Matriculou-me na graduação
Presenteou-me com livros
Ensinou-me a navegar, a sorver, a escutar, a sentir...

O Glaycon fez assim

Deu-me amor, carinho, atenção, paciência, dedicação...
Deu-me todo o suprimento que precisava

Para mim ele representa o Sol
O Sol que ilumina meus dias
O Sol que me faz brilhar
O Sol que me aquece
O Sol que me dá a vida
O Sol que eu tanto preciso

Adorado por todas as civilizações
Os egípcios, os Astecas,
Os Gregos, Os Cretenses.
O Sol sempre fez parte da história, dos mitos e ritos...

A lenda do Raio de Sol diz que:
"O deus Sol envia a cada mil anos, um de seus filhos para viver na Terra, na forma humana, dotado de vários dons doados pelo pai. E assim ele é capaz de dar amor, iluminar os caminhos de quem cruza, amparar quem necessita, curar quem sofre. Mas o seu poder só terá efeito sobre aqueles que acreditarem nele...”.
O meu Sol é uma lenda
E eu acredito

Mas dois não bastavam
Então se formou a Trindade
Trindade no bairro
Trindade na vida
Trindade nessa viagem

O terceiro elemento é ela
O equilíbrio entre os dois mundos
O bálsamo que alivia as angústias, tristezas e amarguras...
Com sua beleza e seu sorriso
Encheu minha vida de azul e prata
Acreditou, motivou, incentivou, deu oportunidades...

Na minha vida ela é o vento
Que faz meu barco navegar
Ela é o fogo
Que ascende minha esperança
Ela é a água
Por onde deslizo suavemente
Ela é a terra
Que quero avistar

Para mim a Édis é assim

Meio mulher meio deusa
Um dia desses
Quando eu conversava com as estrelas
Elas me confessaram em segredo
Bem baixinho, mas bem claro...
"A Lua sai toda noite só para ver a imagem de sua filha Édis, que foi enviada em uma importante missão de amor e paz. Quando não a vê, entra em desespero e tristeza, às vezes pode ser vista durante o dia, impaciente, procurando pela amada filha. Quando a Lua não aparece, é porque está trabalhando pelo sucesso dela...”.

Então é assim que eu viajo
É assim que me guio
É assim que aprendo a viver

Para o meu Sol e a minha Lua

Publicado na página de agradecimentos da minha dissertação de mestrado, 2002.

SAMBA MEU

Se eu tiver passado
Por tudo que pensei em passar
Não teria tempo pra viver

Pois viver no passado é meu amanhecer
Trazer à mente as coisas boas que aconteceram
Fazer do presente um melancólico viver
Viver apaixonado por ter estado
Onde ninguém jamais esteve
Onde ninguém quer estar

Passar de um momento para outro
Saltar 30 anos na história
Sentir o cheiro às cores e sons daquela época
Isso me faz viver mais

Viver mais o presente no passado
Isso sim
É que é pra mim
Juntar os dois melhores momentos da vida
Sem pensar no futuro que virá

Eu não vejo mais saída
O que eu quero é recordar um viver que não vive, mas sei que saberei contar
São casos, personagens
Fantasias de uma ilusão que paira sobre meu coração
Pra trazer de volta toda a compreensão do amor

Amo
Amo todos os momentos que passaram
Todos os que me iludo que passaram
Sonho acordado para ver melhor
Todo o desfile de uma ilusão
Cores vão serpenteando o meu coração

Vou explodir de pensamentos bons
Vou invadir a passarela com minha imaginação

Viver mais o presente no passado
Isso sim
É que é pra mim
Juntar os dois melhores momentos da vida
Sem pensar no futuro que virá.


PUBLICADA EM:
POEMAS SEM FRONTEIRAS. Ora, Vejamos. Lisboa - Portugal - 1a Ed. Agosto de 2008.

MOMENTO DE DESCOBERTAS

Às vezes necessito ficar só
Só com meus pensamentos
Com minhas loucuras

Nesses dias quero não fazer nada
Não falar nada
Não olhar nada
Não escutar nada

Quero o vazio
Busco o vácuo do espaço
Caminho por cores e cheiros diferentes
Como se eu tivesse a liberdade de decidir
Por mim mesmo a forma que as coisas têm

Quando só
Eu descubro em mim uma outra pessoa
Uma outra realidade

Isso acontece quando a vida passa por mim
Sem que eu viva seu momento de forma plena
Surge um arrependimento ou um sentimento de perda
Motivado por uma ausência
Um vazio por dentro

A solidão serve de conselheira
Como uma mãe que acalenta o espírito do filho
Uma mão que acaricia
Ou serve de apenas de fuga.

PUBLICADO EM:
POEMAS SEM FRONTEIRAS. Ora, Vejamos. Lisboa - Portugal. 1a Ed. Agosto de 2008.

PERDIDO

A confusão de sentimentos é estonteante
Como se em determinados momentos fosse possível perder o rumo
Perder o sentido
Perder o próprio sentimento

Como uma roupa que uso ou uma água que cai sobre meu corpo
O sentimento passa por mim
Às vezes não deixa nada
Às vezes culpa

Sentimentos podem ser trocados
Talvez substituídos
Hoje é amor,
Amanhã não é nada

Caminho por viagens interiores
Onde o sentimento pode esconder-se
Mas finjo não encontra-lo
Prefiro pensar que foram perdidos


Publicado em:
POEMAS SEM FRONTEIRAS, Ora, Vejamos. Lisboa - Portugal - 1a. Ed. Agosto de 2008.

segunda-feira, 23 de março de 2009




ANDEI

Andei um tempo afastado de tudo
A cabeça vazia de pensamentos e ações
O corpo realizando tarefas de forma mecânica
Andei um tempo assim

Como se não houvesse uma relação
Entre corpo e alma
Como se eu fosse me diluindo pelo universo
Parte de mim indo para outros lugares

As coisas iam acontecendo
E sem perceber eu passava indiferente
Sem expressão de sentimentos
Andei um tempo assim

No intimo esperando por um milagre
Uma mudança radical
Uma maneira de misturar os sonhos com a realidade
Parte de mim querendo virar a mesa

Os campos lá fora foram tomando diferentes formas
Depois de um longo tempo
Comecei a perceber isso na natureza
As cores e sombras pulando das paisagens

De forma tranqüila e harmônica
As idéias foram florindo na mente
Uma confusão incoerente que aos poucos foi se organizando
Andei um tempo assim